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ENTREVISTA COM πŒπŽπ‘π€πˆπ’ π€π‹ππ„π‘π“πŽ ππ€ππ™πŽ


Morais Alberto Panzo Victor, vulgarmente chamado por Man-Moras, residente no municΓ­pio de Cacuaco, natural da provΓ­ncia do UΓ­ge, com 6 anos veio Γ  Luanda, propriamente na Ilha de Luanda com o seu tio que infelizmente faleceu 4 anos depois da sua chegada. Enviado de volta Γ  provΓ­ncia do Uige, e logo na noite que chegou, isso no bairro Candombe Novo, na cidade do Uige, viveu o choque do conflito armado. A cidade esteve em tiroteios por aproximadamente 8hrs, foram obrigados a fugir de casa para refugiarem-se nas matas.

Fruto das dificuldades vividas na provΓ­ncia do UΓ­ge, o seu pai decidiu vir para Luanda tentar a vida. -E lΓ‘ onde ficamos as coisas sΓ³ pioraram e me vi obrigado a trabalhar como Raboteiro ( aos 11 anos de idade). Conta-nos Morais.

Fruto do regresso Γ  Luanda, quase com as mesmas dificuldades que as vividas no UΓ­ge e visto que os seus pais ainda nΓ£o se tinham adaptado Γ  vida de Luanda, Morais passou a vender sacos no mercado do Kikolo, e posteriormente, comeΓ§ou a engraxar sapatos na Baixa de Luanda, nesta altura fazia a 4Βͺ classe, mais por conta das dificuldades financeiras teve de parar com a formaΓ§Γ£o acadΓͺmica, e entΓ£o decidiu viver na ilha de Luanda aonde fez parte do grupo “Muralhas” e posteriormente da “BabilΓ΄nia da Ilha”. A mΓ£e apercebendo-se do seu envolvimento em vida de grupos, comeΓ§ou a trabalhar em uma escola como faxineira e por conta disso voltou a estudar em 2005. 3 anos depois de ter ficado fora do sistema de ensino, nesta altura seu pai encontrava-se na provΓ­ncia da Lunda-Norte  a trabalhar como garimpeiro. 

ComeΓ§ou a cantar Kuduro no Kikolo nos anos de 2006, por sinal foi um bom refΓΊgio, pois conta-nos Morais que conseguia pΓ΄r as  suas dores e  dificuldades nas rimas e sentia-se aliviado, por causa de fortes elogios que recebia por parte das pessoas que ouviam as suas mΓΊsicas, teve de prestar atenΓ§Γ£o a leitura para trazer mais coerΓͺncia e inteligΓͺncia nas letras e esta busca aproximou-lhe dos livros.

Em 2008 esteve gravemente doente, e no hospital prometeu a si mesmo que iria valorizar mais o esforΓ§o e sacrifΓ­cio que a sua mΓ£e fazia e se dedicar fortemente a formaΓ§Γ£o acadΓͺmica. Esta decisΓ£o levou-o abandonar o kuduro e recebeu ameaΓ§as de morte por parte das gangs Γ  quem ele cantava ou escrevia, por conta disso,  passou a residir no bairro  Rangel, onde ficou durante os primeiros anos do seu ensino mΓ©dio. Estudou no Instituto MΓ©dio Alda Lara (IMPAL) no perΓ­odo nocturno, isso possibilitou-lhe ingressar em um centro de explicaΓ§Γ£o,  “Academia NkΓ³dia” aonde estudou MatemΓ‘tica, FΓ­sica, QuΓ­mica e muito mais. LΓ‘ ele se tornou professor e preparador para os exames de acesso Γ s universidades.

Em 2013, ingressou em duas InstituiΓ§Γ΅es de ensino superior UAN e  ISUTIC, optou em fazer Engenharia de PetrΓ³leo na UAN e terminou a sua formaΓ§Γ£o em 2017. Embora ainda nΓ£o actuando na minha Γ‘rea de formaΓ§Γ£o acadΓͺmica, me sinto orgulhoso por conseguir atinguir o nΓ­vel superior. Conta-nos Morais.

Formado em Engenharia de PetrΓ³leo e GΓ‘s pela UAN, no ensino MΓ©dio cursou  electrecidade na especialidade de Energia e InstalaΓ§Γ΅es elΓ©trica no “Alda Lara”, no ensino de base passou por diversas escolas, mais foi no colΓ©gio Jesus Γ© Salvador que comeΓ§ou a dar os primeiros passos no mundo acadΓͺmico. 

O que levou-lhe a escolher esta profissΓ£o foi a  influΓͺncia de um amigo, conhecido como Alfredo JoΓ£o, que jΓ‘ encontrava-se na Universidade a fazer o curso de PetrΓ³leo, falando-lhe a respeito do mesmo curso, gostou do que ouviu, embora tendo na altura o desejo de fazer engenharia MecΓ’nica. 

Fruto da crise energΓ©tica global, o nosso paΓ­s foi afectado com uma crise financeira causada pela dependΓͺncia do sector petrolΓ­fero, e trabalhar no sector petrolΓ­fero, ainda continua a ser um sonho para mim, pois fui emprestado para a docΓͺncia, actualmente professor de FΓ­sica no Instituto MΓ©dio Mukwetos e preparador para os exames de acesso para as principais universidades do paΓ­s, no Centro de formaΓ§Γ£o cientifica Eureka, um centro na qual tem estado a liderar desde o momento da sua fundaΓ§Γ£o, alΓ©m do centro Eureka preparou  durante 5 anos na Academia NkΓ³dia.

Exercendo a profissΓ£o de professor hΓ‘ 8 anos, embora nΓ£o sendo formado nesta mesma Γ‘rea o ensino Γ© uma actividade na qual tenho muito orgulho e prazer em exercer, “-Γ‰ muito bonito e gratificante ver as diversas transformaΓ§Γ΅es que ocorrem aos estudantes, passaram por mim estudantes que hoje servem a sociedade em diversas Γ‘reas e que antes eram vistos como casos perdidos. A minha pretensΓ£o Γ© exercer a profissΓ£o na qual me formei, mas enquanto isso nΓ£o ocorre eu estou bem na educaΓ§Γ£o”.

As dificuldades que tenho encontrado em Angola Γ© que  ainda nΓ£o Γ© comum nas instituiΓ§Γ΅es acadΓͺmicas terem  laboratΓ³rios de FΓ­sica e isso tem sido um grande desafio para mim, mostrar aos estudantes os fenΓ΄menos e as leis fΓ­sicas por intermΓ©dio de uma experiΓͺncia laboratorial.

Motivo-me pela vontade de querer mudar o paradigma do ensino nas disciplinas ditas prΓ‘ticas, como a matemΓ‘tica, fΓ­sica e QuΓ­mica. Pois elas sΓ£o disciplinas (ciΓͺncias) essenciais para a nossa sobrevivΓͺncia, infelizmente os estudantes e a sociedades nΓ£o vΓͺ assim, acabam apenas por achar que fΓ­sica ou matemΓ‘tica sΓ£o apenas disciplinas complicadas e a minha intenΓ§Γ£o Γ© diminuir este pensamento.   

Como professor, a sua maior fonte de inspiraΓ§Γ£o Γ© o Professor NkΓ³dia, que para si Γ© um excelente profissional, raramente sais de uma aula do professor NkΓ³dia triste ou deprimido neste quesito bebo muito dele.

“Eu TambΓ©m sou admirador do Engenheiro LuΓ­s Alberto (LA), pela capacidade e domΓ­nio que ele possui em matemΓ‘tica, ele Γ© uma inspiraΓ§Γ£o muito grande para mim.” Conta-nos Morais.

Morais Panzo e os seus companheiros construΓ­ram um centro de formaΓ§Γ£o acadΓͺmico (Eureka) de caracter social e filantrΓ³pico, onde tΓͺm administrado aulas de matemΓ‘tica, fΓ­sica, quΓ­mica, LΓ­ngua portuguesa e HistΓ³ria de forma gratuita. 

“NΓ£o sei se jΓ‘ tive um maior momento, tenho apenas alguns momentos que me marcaram muito, como o dia do arranque do nosso projecto filantrΓ³pico. O Facto de ter dado preparatΓ³rio ainda a frequentar o ensino MΓ©dio (13Βͺ classe) e todos estudantes daquela turma ingressarem na universidade foi marcante e emocionante.” A minha maior motivaΓ§Γ£o Γ© a esperanΓ§a que tenho em mudar as coisas.

Gostaria que a juventude e a sociedade angolana no geral passasse a olhar a formaΓ§Γ£o acadΓͺmica como um meio de obtenΓ§Γ£o de conhecimento para permitir, criar, desenvolver e aprimorar invenΓ§Γ΅es e conteΓΊdos que ajudem a melhorar e a simplificar a vida do nosso povo.

Actualmente a juventude angolana entrou numa onda de desacreditar na formaΓ§Γ£o acadΓͺmica, fruto da falta de oportunidade para quem jΓ‘ Γ© formado.

O meu conselho para a sociedade em geral, Γ© que devem acreditar e confiar na formaΓ§Γ£o acadΓͺmica/ profissional nΓ£o apenas como meio de desenvolvimento financeiro, mas como meio de desenvolvimento de uma sociedade.

Γ‰ isso pessoal, esta foi entΓ£o mais uma rubrica do "Outro lado do Musseke", a revista onde todos podem brilhar.

Vamos, mas prometemos voltar em breve.

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